quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Falar e escrever bem


Estudar Português é uma tarefa bastante desafiadora, mas não significa que seja difícil, ou que não compense. Um dos aspectos importantes que configura essa situação de superação é o fato de que falamos de um jeito e escrevemos de outro bem diferente.
Talvez você já tenha recebido uma redação da professora cheia de correções gramaticais, mostrando que estava errado quando você escreveu “Vou no médico”, que o correto seria “Vou ao médico”; ou, ainda, que “A casa que eu morava” foi corrigida por “A casa onde eu morava”. Provavelmente, você deve ter estranhado o fato de essas frases estarem erradas, embora você já as tenha pronunciado diversas vezes, sem nunca ter sido corrigido! Saiba que não está sozinho nessas impressões - há muita gente que tem dificuldade para escrever, e isso se deve, principalmente, à diferença que existe entre a maneira como falamos e como escrevemos.

Sobre a diferença entre falar e escrever, é importante reconhecer que, quando falamos, ficamos preocupados com a comunicação e, se algum dos participantes da conversa não entender alguma coisa, é possível perguntar na hora e sanar a dúvida. A língua falada é dinâmica, com possibilidades infinitas de construções, com gírias diversas, e também segue determinadas regras internas - por exemplo, falamos as palavras numa determinada ordem: ninguém diz “Morava que eu casa a”.
A língua escrita, contudo, dependendo do tipo de gênero, requer maior cuidado e respeito às normas gramaticais. Se o contexto de produção for uma carta ao presidente, por exemplo, não será adequado escrever “Presidente, a gente quer uns livro mais legais pra estudá”, embora esse tipo de construção possa ser adequado em uma conversa entre alunos no intervalo das aulas. Cada contexto pede uma maneira própria para os textos, e isso também acontece na língua falada. Por isso, é importante entrar em contato com as diferentes produções da língua: Literatura, blog, quadrinhos, entrevistas etc., e uma excelente maneira de se fazer isso é ler, ler os melhores autores de todos os gêneros!

Há um estudioso da linguagem, chamado Perini, que diz coisas bastante interessantes. Em seu livro Sofrendo a Gramática (2003), ele afirma que nossa língua materna não é o Português que escrevemos, mas sim, o Português que falamos. Por exemplo, quem é que costuma falar: “Dê-me uma folha de papel emprestada” no lugar de “Me dá uma folha de papel”? Quem é que costuma dizer: “Ele não está aqui” no lugar de “Ele não tá aqui”? Quem é que, ao falar, faz diferença entre usar este ou esse, esta ou essa, isto ou isso? “Para” na fala é “pra”.
O mais importante é perceber essas diferenças e buscar entender o funcionamento da sua língua, ao invés de receber as regras como se fossem grandes verdades incontestáveis. Falar bonito não é falar difícil, mas saber adequar o que você diz à situação em que você se encontra.


Imagem

Língua de Línguas, 2000. Fotografia, alumínio e cerâmica. Parte da exposição Sabores e Línguas, de Antoni Miralda, artista convidado da 27ª Bienal de São Paulo
Estudar Português é uma tarefa bastante desafiadora, mas não significa que seja difícil, ou que não compense. Um dos aspectos importantes que configura essa situação de superação é o fato de que falamos de um jeito e escrevemos de outro bem diferente.
Talvez você já tenha recebido uma redação da professora cheia de correções gramaticais, mostrando que estava errado quando você escreveu “Vou no médico”, que o correto seria “Vou ao médico”; ou, ainda, que “A casa que eu morava” foi corrigida por “A casa onde eu morava”. Provavelmente, você deve ter estranhado o fato de essas frases estarem erradas, embora você já as tenha pronunciado diversas vezes, sem nunca ter sido corrigido! Saiba que não está sozinho nessas impressões - há muita gente que tem dificuldade para escrever, e isso se deve, principalmente, à diferença que existe entre a maneira como falamos e como escrevemos.
Sobre a diferença entre falar e escrever, é importante reconhecer que, quando falamos, ficamos preocupados com a comunicação e, se algum dos participantes da conversa não entender alguma coisa, é possível perguntar na hora e sanar a dúvida. A língua falada é dinâmica, com possibilidades infinitas de construções, com gírias diversas, e também segue determinadas regras internas - por exemplo, falamos as palavras numa determinada ordem: ninguém diz “Morava que eu casa a”.
A língua escrita, contudo, dependendo do tipo de gênero, requer maior cuidado e respeito às normas gramaticais. Se o contexto de produção for uma carta ao presidente, por exemplo, não será adequado escrever “Presidente, a gente quer uns livro mais legais pra estudá”, embora esse tipo de construção possa ser adequado em uma conversa entre alunos no intervalo das aulas. Cada contexto pede uma maneira própria para os textos, e isso também acontece na língua falada. Por isso, é importante entrar em contato com as diferentes produções da língua: Literatura, blog, quadrinhos, entrevistas etc., e uma excelente maneira de se fazer isso é ler, ler os melhores autores de todos os gêneros!
Há um estudioso da linguagem, chamado Perini, que diz coisas bastante interessantes. Em seu livro Sofrendo a Gramática (2003), ele afirma que nossa língua materna não é o Português que escrevemos, mas sim, o Português que falamos. Por exemplo, quem é que costuma falar: “Dê-me uma folha de papel emprestada” no lugar de “Me dá uma folha de papel”? Quem é que costuma dizer: “Ele não está aqui” no lugar de “Ele não tá aqui”? Quem é que, ao falar, faz diferença entre usar este ou esse, esta ou essa, isto ou isso? “Para” na fala é “pra”.
O mais importante é perceber essas diferenças e buscar entender o funcionamento da sua língua, ao invés de receber as regras como se fossem grandes verdades incontestáveis. Falar bonito não é falar difícil, mas saber adequar o que você diz à situação em que você se encontra.

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