terça-feira, 10 de agosto de 2010

TEXTO PARA RODA DE LEITURA DA FORMAÇÃO CONTINUADA

Carta Aberta dos professores participantes do segundo grupo da formação continuada de professores do Ensino Médio Inovador.

Os Participantes do segundo grupo do programa desenvolvido pelo Ministério de Educação (MEC), em regime de colaboração com a Escola SESC de Ensino Médio, na cidade do Rio de Janeiro, no período de 18 a 23 de janeiro de 2010, destinado à Formação Continuada de professores do Ensino Médio de diversas Unidades da Federação, objetivando implantar projeto nacional de articulação de experiências inovadoras no ensino médio, têm a considerar o seguinte:
O Brasil é considerado hoje uma das grandes potências mundiais, ao lado de países como Estados Unidos, França, Itália, Alemanha, Inglaterra, Canadá, Japão e Rússia. O Brasil é rico em termos de diversidade cultural, em biodiversidade e possui a maior floresta tropical e a maior reserva de água doce do planeta. Aos olhos do mundo, o Brasil produz um dos maiores espetáculos de entretenimento cultural da terra, que é o Carnaval, além de ser o país do futebol.
O Brasil é um país de profundos contrastes sociais e culturais. No entanto, consegue construir a unidade na diversidade. Constata-se que, mesmo na diversidade que constitui a cultura do povo brasileiro, os problemas das escolas assemelham-se pelas origens, causas e conseqüências. Os problemas relacionados à evasão escolar, repetência, insuficiência do ensino e, consequentemente, ausência de aprendizagem dos estudantes, ainda são detectados nas escolas de todas as Unidades da Federação.
Os depoimentos dos participantes deste encontro demonstram que há problemas sérios nas escolas, que precisam ser solucionados e que a solução dos mesmos exige a união e comprometimento dos gestores públicos e dos educadores na construção de políticas públicas consistentes, de curto e longo prazos, voltadas para a formação continuada dos educadores, adequação dos espaços físicos das escolas, melhor equipadas com laboratórios, tais como informática, ciências humanas, ciências da natureza, matemática, línguas e educação física, bem como a manutenção, nas escolas, de articuladores de ensino por área de conhecimento, para apoio pedagógico aos professores.
A elaboração e efetivação de políticas públicas destinadas à formação inicial e continuada dos professores do ensino médio, é uma reivindicação de todas as Unidades da Federação aqui presentes. A exigência de comprometimento pro parte dos órgãos gestores dos Sistemas Estaduais de Ensino como relação ao cumprimento dos Planos de Cargo, Carreira e Salários dos profissionais da educação também é uma reivindicação de todos os educadores, como instrumento de valorização pessoal e profissional dos professores.
Os participantes se consideram um grupo de privilegiados no universo que constitui o contingente de professores brasileiros, por estar participando dessa Formação Continuada de Professores do Ensino Médio Inovador, num espaço escolar que, em se tratando de infra-estrutura física e técnico-pedagógica, está muito distante da realidade das escolas públicas brasileiras. Neste encontro os presentes tiveram oportunidade de ouvir e refletir sobre o pensamento de renomados intelectuais nacionais e internacionais sobre os grandes desafios educacionais deste século. O simples fato de estar aqui, já sinaliza a disposição dos professores no sentido de enfrentar os desafios propostos para o Programa do Ensino Médio Inovador, mesmo considerando todas as dificuldades existentes.
Por outro lado, considerando, também, os recursos financeiros já disponibilizados para a organização pedagógica e aquisição de equipamentos e material didático para a implantação do Ensino Médio Inovador, estes constituem um elemento motivador para que todos mergulhem na execução do Programa.
No entanto, a dívida social do Brasil em relação à Educação ainda é significativa. Temos um número expressivo e vergonhoso de analfabetos, segundo as estatísticas oficiais, bem como temos um grande número de crianças e de jovens que ainda se encontram fora da escola. Mesmo os que estão conseguindo aprender o básico, em termos de ler, escrever e contar, com adequado entendimento.
Por isso mesmo, como diria o Mestre Paulo Freire, os professores, movidos pela esperança, estão aqui impregnados do espírito de fé e confiança, em busca de transformação e de mudança da realidade educacional, porque, como foi bem colocado pelos diversos grupos de trabalho durante o curso, há professores que, parafraseando Drummond de Andrade, o poeta de Itabira, “...estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças” de atingir a qualidade necessária na educação pública.
Aprendemos com o filósofo, sociólogo e educador Francês Edgar Morim que “a missão fundamental do ensino médio é permitir às jovens gerações que enfrentem os problemas de suas vidas no nível pessoal, como de sua Pátria e da Terra. Nesse sentido, nosso ensino deve tratar dos problemas globais e fundamentais de nossas vidas e da nossa época, que necessitam da cooperação dos saberes disciplinares que, ainda permanecem separados uns dos outros.
É fundamental desenvolver cooperações interdisciplinares entre professores, para que os alunos se conscientizem dos problemas fundamentais e globais; ensinar não somente os conhecimentos, mas também que o conhecimento corre sempre o risco do erro ou da ilusão; ensinar não somente o humanismo, mas também, aquilo que o ser humano é na sua triste natureza, biológica, individual e social; ensinar a compreensão humana, pois somente a partir dela que as solidariedades e as comunidades se sustentam; ensinar os problemas de globalização planetária vitais para cada um e para todos os de nossa época; ensinar a enfrentar as incertezas, as quais se agravam no decorrer do século XXI para nós mesmos, para a nossa sociedade e para a humanidade.
É igualmente fundamental promover um ensino que ajude a refletir sobre os problemas de civilização, que afetam nossas vidas cotidianas: as relações familiares, a cultura juvenil, a vida urbana nas megalópoles, as relações cidade-campo, os problemas de humanização das cidades e da revitalização do campo, a educação para o consumo, a educação para as férias, a educação para a mídia, a educação para a superação do individualismo egocêntrico e reforço das solidariedades.
Inspirados no grande poeta de Itabira, “vamos de mãos dadas, não nos afastemos, não nos afastemos muito”. O desafio de superação dos problemas da educação brasileira precisa ser enfrentado por todos: governos, educadores, pais, alunos e sociedade civil, de modo geral.
Portanto, com nosso entusiasmo e disposição, vamos transformar a educação brasileira, levando os nossos jovens de ensino médio ao pelo exercício da cidadania consciente e, com isso, tornar mais humana, justa, mais solidária e mais fraterna.
RIO DE JANEIRO, 21 DE JANEIRO DE 2010.
Elaboradores da carta:
José Edimilson – RN / Charles Roberto Medeiros Santana Paiva – BA / Lúcia Carneiro de Carvalho – PB / Elza Alves de Sá – AC / Elaine Costa – PR / Evanice Fernandes – RN / José Aparecido Ferreira de Almeida – BA
TEXTO PARA

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